Em plena pandemia, hospitais pelo Brasil registram falta de insumos básicos, alguns fundamentais, como os anestésicos para pacientes que estão nas UTIs.
Em Mato Grosso, as prateleiras estão vazias em uma distribuidora de produtos hospitalares. “Há mais ou menos 60 dias, colocamos um pedido na indústria que a gente costuma comprar, não nos atenderam até hoje e estão sem previsão de atendimento”, conta Claudemir Duarte da Silva, dono de uma distribuidora de medicamentos. O desabastecimento já chegou nas cidades do interior. “Está em falta o insumo, a medicação de sedação que é usado nos hospitais para intubação. Então daqui a pouco nós vamos ter, nos hospitais particulares e nos públicos, uma falta do produto”, diz o secretário de Saúde de Sorriso (MT), Luís Fábio Marchioro. Em Goiânia, a falta de sedativos coloca em risco a vida de quem está na UTI. “Concorrem com os mesmos medicamentos que são utilizados nas anestesias para fazer cirurgias de urgência, emergência e tudo mais”, afirma o secretário de Saúde de Goiânia, Ismael Alexandrino. Em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, funcionários deixaram um bilhete denunciando a falta de equipamentos de segurança e de medicamentos em um hospital de campanha. No interior de São Paulo, a situação se agravou desde a semana passada nas Santas Casas, que atendem mais de 50% pelo SUS. “Se faltar, a gente vai ter que diminuir o atendimento”, diz o presidente da Federação das Santas Casas de SP, Edson Rogatti. No interior de Minas, a baixa nos estoques fez algumas cidades recuarem nas medidas de flexibilização. Em Belo Horizonte já teve cancelamento de cirurgia eletiva na rede privada e nos hospitais públicos só tem medicação para três semanas. “É preocupante, mas devo dizer que há uma iniciativa do Ministério da Saúde, instada pelo Ministério Público Federal e pelos Ministérios Públicos Estaduais de fazer requisição administrativa dos fornecedores de anestésicos e de bloqueadores neuromusculares quando isso for necessário”, afirma Jackson Machado Pinto, secretário de Saúde de Belo Horizonte. A Secretaria Estadual de Saúde negou que faltem equipamentos de proteção e medicamentos no hospital de campanha de São Gonçalo. O Ministério da Saúde declarou que a aquisição e distribuição dos anestésicos são de responsabilidade dos municípios ou dos próprios hospitais, mas que tem mantido conversas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos e com os laboratórios farmacêuticos pra identificar possíveis problemas relacionados a falta desses medicamentos.